30.3.09

Lugano

Às vezes tentamos, talvez não com tanto afinco quanto deveríamos, mas seguimos tentando. Felizmente eu não estou aqui para dizer que não existe reconhecimento por aquilo que eu tento fazer, só que as vezes ele não é devidamente exteriorizado. Eu fecho os olhos e rezo. Abro enquanto escuto acusações de que estou tendo um chilique e é bem na hora em que me pergunto se eu sei realmente o significado dessa palavra. Levanto, pego o tocador de músicas e relembro algumas velhas canções. Pego o caderno de anotações e a caneta, coloco o celular para despertar e deito novamente. Fico sentado na cama enquanto escrevo e observo algo que talvez eu jamais entenda.

Alguém por mais que possa te amar não significa que seja capaz de te dar as coisas mais simples que você precisa. Isso já aconteceu comigo. Nessas horas eu vejo o quanto é difícil compreender e ser compreendido quando apenas atos, coisas tão extremamente pequenas e que beiram o insignificante para aqueles apaixonados é justamente o que estamos buscando, precisando e esperando.

Não procuro a clássica frase: 'será que estou pedindo demais?'. Já a usei por tempo demais. E não procuro pelo simples fato de que o que eu necessito para ser feliz NUNCA será demais e sim necessário para manter em mim aquele sorriso bobo que eu adoro ter na cara.

Namorar não é apenas ter alguém para estar ao lado e fazer sexo. É algo que vai além de tudo isso. É aquela frase, aquela pessoa que vai pedir para você andar do lado de dentro da calçada e você não vai entender até alguém te contar que isso é sinal de proteção. A pessoa se coloca do lado onde as probabilidades são maiores de um carro atropelar, cair água ou um vaso de um prédio e por aí vai. É aquela vontade de conversar mesmo quando não há mais nada a dizer (vide emoticons no msn). É dar um abraço com o corpo e sentí-lo na alma. É o 'eu te amo' no café e no lugar do bom dia escutar: 'você é a pessoa mais linda do mundo' e você sabe que isso não é verdade, mas você sente a sinceridade de alguém que te acha simplesmente por te amar e isso vai te dar um brilho que só você vai ter. É o dar as mãos. É o querer estar mais perto mesmo quando se está junto. É o ocasional e o inesperado. É a vontade de esquecer do Mundo por alguns segundos. è fazer você sorrir mesmo que você esteja chorando. É simplesmente te fazer feliz e isso nunca será pedir demais. O dia em que eu achar que é, será o dia em que aceitarei e viverei sozinho.

Até que a morte me separe, de mim mesmo.

Suiça
14/2/2009

18.3.09

Norte

Flores brotaram no gramado seco
antes mesmo da chuva cair
em lamentos que se transformam em risos
e transbordaram dos lábios teus.

As cores foram aparecendo com flashes
e onde havia escuridão agora via-se luz
e todos os passos seguiram a mesma direção.
Os girassóis se voltaram satisfeitos ao norte.

Cantos e encantos vieram de todas as partes
e as músicas soavam docemente
enquanto ritmavam os passos da marcha.

Chegamos como heróis vitoriosos que retornam da batalha
entre gramados, flores e cores.
Saudações, abraços e beijos.

16.3.09

Estar só

Antes de começar, já quero frisar que atipicamente esse texto NÃO É MEU! Ok?

segue ae:

"Estar só
Março 15, 2009, 9:45 pm
Arquivado em: Comportamento, Eu, Relacionamentos

E daí, chega uma hora que não gostamos mais de estar sozinhos.

O efêmero perde a graça. O sorriso arrancado pelo sentimento de liberdade vai se apagando e dando lugar a longos pensamentos solitários do tipo: “que saudade de ter alguém.”

Saudade de passar o final de semana inteiro em casa vendo filmes e comendo besteiras como se não houvesse amanhã. Saudades de sentir o corpo, mas não apenas corpo e sim o conhecido corpo. Acostumado corpo. A mão de sempre, que faz carinho no cabelo bem do jeito que a gente gosta. Ela parece que sabe como encostar, ela simplesmente te encontra. Saudade do cheiro, das posições costumeiras na cama. Saudade da presença ao voltar pra casa, da preocupação quando se está longe. Do telefone que toca e do jeito sempre igual de atender. Apelidos. Tons de voz. Pés se acariciando debaixo do edredon. O cheiro no travesseiro, as roupas perdidas pelo chão. O fato de não sentir frio nem no inverno, mesmo dormindo pelado. Saudade das conversas, dos silêncios e até das brigas bobas que terminam em beijos e pedidos de desculpas. Saudade de saber que tem alguém ali, que existe só pra você. Saudade de acordar dando beijo sem se importar com o gostinho ruim. Saudade de comprar uma escova de dentes nova, só para deixar na casa dele quando você esquecer a sua. Saudade do ciúmes saudável, do cheirinho ao saír do banho. Da vontade de dormir abraçadinho ou um em cada canto por causa do calor. Saudade até de sentir saudades, mas de alguém que logo volta."


Ele foi escrito por uma blogueira que eu confesso não saber nem o nome, mas me indicaram por causa de um vídeo e estou viciado! Disponibilizo o link direto do post: http://rebiscoito.wordpress.com/2009/03/15/estar-so/ e o link do blog http://rebiscoito.wordpress.com/ que chama-se Loucuras da Mente de Um Biscoito.


Eu não sei as pessoas que acessam meu blog, mas eu particularmente virei fã instantâneo. Vale a pena ver o víveo SINGS, mas esse eu vou postar aqui também hahaha.


Em breve eu escrevo algo assim, só vai faltar um pouco de experiência própria em relacionamentos com esse cunho mais romântico e etc, mas eu dou conta. Sonhar faz bem na hora de escrever.


Boa semana.

12.3.09

Busco e esqueço

Talvez eu tenha gritado junto.
Cortaram a linha, e eu me perdi.
Não foi linear a história,
nem o final foi premeditado.
Acabou? Recomeço então.
A confusão das palavras mal ditas
e dos diálogos que eu deixei na metade
ou nem comecei.

Me afasto em lágrimas
ou em sorrisos?
Me conte mais sobre você
me dê algo que eu não tenha.
Seja feliz enquanto eu estou aqui.
Façamos então o mesmo percurso,
você ainda lembra qual era o nome da rua?

Acho que já me perdi aqui uma vez
me lembro daquele poste marcado
das tuas rugas todas, de expressão séria
e das minhas de encanto de um novo lugar.
Não queria mas fiz. Vamos comigo?
Leia mas não diga a ninguém que o fez.
Me conte o que achou e minta
dizendo que não vive sem mim.

Aquela faca não cortou de novo
peguei um garfo e atirei
sempre errei o alvo, não é mesmo?
Deixe que o copo caia de novo, eu limpo
e estrago novamente alguma coisa inútil
enquanto você nem repara que eu existo
na espera do dia em que não viverá sem mim.

Esquece aquilo, não quero voltar.
Foi tudo ilusão passageira,
mente perversa de quem tem tempo demais
fome demais, vontade demais e ama pouco.
Arraste o sofá e deixe cair o mundo
em cima de alguém desesperado que passe pela janela
mas não grite socorro, não te escutos
e nem a mim mesmo e nem aos outros.

Me copie em um gesto e me atire uma palavra
ou três ou nenhuma ou todas.
Dirija-se a mim como se fosse um qualquer,
igual você sempre faz não é mesmo?
Não siga naquela direção,
não quero te ver de costas, quero que você me veja
em uma rua qualquer que eu me perca de novo
mas sorria por estar perdido.

Era quase natural o desespero.
Não sobrou ninguém em mil contatos
e sobraram todos os fantasmas do passado.
Reavivaram a eles todos e esqueceram de nós.
Força incontida de uma mão reluzente
brilhoso metal jogado, atirado, esquecido de novo.
Avisa que eu não vou chegar hoje
e nem outro dia.

Havia uma calçada também do outro lado
então porque estamos desse?
Vamos dividir e parar de subtrair
eu vou ali sem você,
me somo a um corpo qualquer e descubro
que não há nada. Enquanto você o faz
e descobre que existe tudo.
Não quero o inverso, nem você.
Façamos uma nova busca.

Eu te esqueço e você me acha.

Não faça isso ou
faça tudo o que der.
Me deixe ali no canto e corra.
Seja o que não sou enquanto
eu tento ser o que você é.
E não me machuque hoje
e nem amanhã quando não me tiver.

Atenda com um sorriso e eu digo
um bom dia qualquer vazio
de quem já não tem vontade de ligar
nem de fazer e estar.
Iludam-se mortais enquanto eu bebo
alguma coisa qualquer para esquecer.
Sem álcool por favor, não tenho do que fugir.
Você fica no longe, não preciso nem correr.

Esconda-se novamente e desapareça
ou deixe que eu o faça e não me impeça
peça.
um quebra-cabeça desmontado
o inverso traz a minha foto e uma lágrima
só vire em caso de emergência e afogue-se
em uma gota borrada e seca
lembrando que poderia ter feito tudo.

Tirei algumas fotos para guardar
e nem posso rasgá-las para esquecer
nem apagá-las para não repetir
e já não abro a porta para receber o ninguém
e brindar uma vitória que eu não tive.
Mas lembre-se da nova busca.
Corra, enquanto estou lúcido.

O mundo vai acabar para alguém hoje,
e vai começar para outra pessoa.
Em qual lado estou? acabou?
você. eu. nós.
O que é começo e fim?
Esquecemos de voltar e lembrar
e de viver também enquanto eu repetia
o mesmo vídeo de fotos inúteis
que eu queria de volta e de novo.
Diferente. Novo. Surpresa.

Cadastre-se em um rosto qualquer
peça para ser amado ou esquecido.
Transe sem vontade, sem pudor
que seja comigo ou com o Mundo,
mas saiba escolher bem.
Não volto duas vezes para o mesmo espaço
a não ser que você peça.
Caso contrário não haverá mais nada.

Façamos uma nova busca.

Eu te esqueço e você me acha.

9.3.09

A Esquina

Eu estava com todas as palavras na ponta da língua como se estivesse a anos ensaiando na frente do espelho. Nada saiu. Houve um quebra de idéias e de pensamentos. Comecei a tremer de forma assustadora e sabia que era por estar nervoso. Parecia que uma barragem se rompia dentro de mim e jorravam litros de água que reviraram meu estômago me dando uma vertigem estranha.

Estava sentado na calçada como um garoto assustado. Máquina fotográfica, convite de festa, carregador de celular, tudo isso repousava na calçada como se estivessem velando a mim mesmo enquanto eu me equilibrava apoiando-me em meus pés e encostado em um poste de uma esquina qualquer.

Se contabilizasse todas as lágrimas encheria um copo? Talvez. Mas sem dúvida cavava um poço de desespero e angústia. Talvez um pouco demais, justificado apenas por aquele que espera sempre muito. O pouco enlouquece, o nada mata e o tudo é o suficiente. Mas as idéias já tinham fugido e tentava então organizar cada uma das coisas que rodeavam a minha cabeça.

Não conseguia nada, mas comecei a ser o mesmo trouxa que sofre calado sempre, talvez aquilo era a meta de agora. Nasci para ser esse idiota que tenta achar uma justificativa para tudo, onde justificar é tornar algo justo e era exatamente isso que eu sozinho fazia, sem ajuda alguma por erros que nem eram meus. Mas certamente essa é a minha missão de vida mas eu não estava disposto. Resolvi então levantar, recolher meus objetos e tentar aproveitar alguma coisa.

No final? Algumas palavras saíram no momento certo, outras continuaram entaladas. As lágrimas não rolaram porque eu já havia novamente assumido o papel de trouxa que aguenta a tudo e cede a tudo, mas teria um fim, justificável inclusive. Ou um novo começo, mas já não era algo que estava em minhas mãos.

8.3.09

O Verão...

Eu sentei naquele canto de sempre. Já tinha chorado em todos os outros cantos possíveis e voltei pro mesmo antigo. Havia chorando dirigindo, no restaurante, no avião e essa cena repetia-se constantemente agora.

Comecei a me questionar: vale a pena tudo isso? Mas as vezes a gente pergunta sem querer a resposta e eu tive. Na verdade a razão e a emoção tiveram o duelo do século dentro da minha cabeça e tenho testemunhas! Não vale a pena. Você não conseguiria viver sem. E agora?

Quando chega o ponto em que aquela situação começa a te machucar você então decide dar um passo atrás. Já havia feito isso diversas vezes e nunca, em nenhum momento eu tive alguém que lutou por mim. Que tentou ir até a casa dos meus sentimentos e reavivá-los enquanto a razão fica batendo em mim como um martelo para dizer-me: ACORDA!

Eu gostaria não só das coisas simples, mas queria ter a certeza. Eu não quero alguém que me diga: desculpa, não venha, haverão festas e quero ir. Escuta, entre eu e uma balada pelo visto eu perdi a batalha. Isso é amor? Amor é você ficar meses sem ver a pessoa e programar encontrá-la e escutar isso? Desculpa, entre uma festa e estar com alguém que eu amo pra aproveitar o momento eu acho que nem preciso responder né?

Então eu fico me perguntando se realmente vale a pena. Eu posso acreditar que a pessoa me ama, ok, mas será que é dessa forma que eu quero? Eu não nasci pra ocupar um segundo plano. O amor precisa de ritos. Você compartilha, chega em pontos em comum, alia as vontades para que todos saiam satisfeitos e isso é a razão de você viver com alguém. Se tudo deve ser executado a seu modo, fique sozinho. Não diga que me ama, por mais que você realmente ame, se não dar a importância devida para cada coisa. É impossível ter uma vida de solteiro estando comprometido e eu nunca quis isso. Eu quero o romantismo, o improvável, a surpresa.

Me fale uma loucura que você faria por amor e eu te direi se você merece ser amado. Você mudaria de país por alguém? O que você faria? E então chega-se no ponto mais crucial: o que você FAZ? Não podemos estar com alguém sem tentar fazê-la feliz e se não conseguimos então talvez não estejamos prontos para isso. Vai ver amamos mas não temos a paixão que inebria e enlouquece e isso é crucial.

Eu estou nessa de não saber o que fazer. Razão gritando tantas coisas que eu já nem posso escutá-la mais e o pior? Eu sei que não haverá alguém para me dizer: eu troco qualquer coisa para estar com você, eu faço qualquer coisa pra te ver feliz, eu sou capaz de tudo para estar com você ou qualquer desses clichês que para mim são inevitáveis.

Uma vez me disseram: não passe o tempo com alguém que não esteja disposto a passar com você. Ou talvez eu devesse dizer: não faça algo por alguém que não esteja disposto a fazer o mesmo por você. E então engula, admita para si mesmo que não vale a pena por mais que você sofra e saiba que a pessoa não vai movimentar uma única agulha pra te convencer do contrário, pra dizer que é tudo uma grande besteira e todas as frases do parágrafo acima que você fica esperando e nada, nada, nada vai mudar e você vai sofrer ainda mais. Encare que você vai sofrer de qualquer forma e que amor não morre mas você pode adiar.

Está na hora de ver que não adianta dar tempo ao tempo. Não adianta tentar se convencer de que tudo o que você faz, você receberia em troca se precisasse. Nada muda e você vai percebendo isso aos poucos. Parabéns, você perdeu para algumas idiotices passageiras que se repetem todos os anos e que não serve para nada mais do que te afastar de uma realidade medíocre. Mas cada um sabe a prioridade que dá para as coisas e bom, você perdeu. Agora levanta, lava o rosto e dê um tempo. Você sabe, nada vai mudar e você vai perder contato e vai sofrer, muito, mas da mesma forma que nada muda a esperança também não.

PS: versão editada com cortes.

7.3.09

Adeus Barcelona!

Na terça-feira eu consegui acordar no horário, tanto que eu fui o primeiro a chegar na sala de aula. Antes mesmo que a professora. Lembrei que o resultado do vestibular que eu havia prestado para transferir de faculdade teria saído no dia anterior e ninguém tinha conseguido ver durante o dia, talvez já tivesse alguma coisa no meu e-mail, alguém avisando. Fui olhar. Abri. Um e-mail de uma amiga que eu havia conhecido no dia de prestar a prova, do Sul. Ela dizia: 'Parabéns meu amigo Nerd, você passou em primeiro.' Fiquei estático, empalideci. Havia uma garota do meu lado que me perguntou em inglês se eu estava bem. Sorri e mostrei pra ela enquanto explicava, pois nessa hora eu já havia aberto o site da universidade e estava conferindo a informação. Parabéns, era um fato. Primeiro lugar. Ela ficou super feliz, por incrível que pareça e achei aquilo divertido. Fechei o computador e fui pra sala pensando: será que as coisas estavam melhorando? Talvez tenha sido um primeiro passo.

Depois da aula eu estava decidido a comprar um celular, precisava ter contato com as pessoas, ao menos daquele país. Tinha um amigo ali e precisava marcar as coisas e não ficar dando 'susto' de orelhão e tudo no improviso. Consegui comprar na companhia da minha amiga da Dinamarca que resolveu almoçar comigo. Liguei, ele atendeu e marcamos de nos encontrarmos no hotel, era mais fácil e dalí veríamos o que fazer. Ele chegou horas depois e fomos dar uma volta, até porque estávamos craques em andar de metrô e depois percorrer Barcelona a pé. Fomos andar e conversar. Percorri novamente alguns pontos da cidade, tomei mais chuva, precisei comprar meias porque meus pés estavam encharcados e fiquei cansado, muito cansado. Voltei pro hotel e durmi.

A semana passou da mesma forma, saíamos depois da escola porque ele não estava trabalhando e íamos conhecer pontos turísticos da cidade, afina eu iria embora no sábado e a cidade tinha uma série de atraçoes turísticas e o tempo continuava chuvoso, precisávamos correr contra o tempo e contra a metereologia. Os dias passaram quase tranquilos, eu ia para a escola e depois passear, consegui conhecer tudo, de fora e mesmo que as vezes ao cair da noite, mas posso dizer que estive em todos os pontos turísticos da cidade. Gastei mais do que devia e descobri que ficar em hotel é excelente, mas a obrigação de comer fora assassinava minha carteira de uma forma alucinada. Começamos a comprar pão, queijo e presunto cru no mercado e comíamos nos pontos turísticos enquanto conhecíamos, era uma forma barata e legal de almoçar e conhecer ao mesmo tempo os lugares importantes da cidade.

Conheci bares, cafés, ruas, avenidas, descobri que em morros existem escadas rolantes e mais tantas coisas quanto foi possível. Vi a cidade de vários pontos diferentes e tomei toda a chuva que alguém podia desejar tomar em uma semana o que já deixou minha garganta já inflamada desde o Brasil ainda mais sensível e que doía cada vez mais todos os dias de manhã. Me preparei para ir embora, deixei algumas coisas com meu amigo para não começar a viagem com excesso de bagagem e sábado de manhã nos encontramos para ir para o aeroporto. Eu já até sabia como chegar porque andava várias vezes com o transporte público da cidade e era muito eficiente e simples. Chegamos com tranquilidade, fiz o check-in, comemos e eu embarquei. Não era a primeira vez que eu falava tchau pra esse amigo pois já nos conhecemos assim, enquanto eu fazia uma viagem para uma cidade chamada Brasília e as cenas só estavam repetindo-se, mas agora em um lado diferente do Atlântico. Sentei no aeroporto aguardando as instruçoes e comecei escrever a primeira parte dessa viagem. Agora estou aqui, sentado no aeroporto de Milão, esperando para embarcar para Praga. Dessa vez não houve despedidas. Apenas excesso de bagagem hahaha. Aguardo abrirem o portão enquanto escrevo mais uma parte dessa viagem incrível. Maravilhosa por tantos lados. Os lados 'negativos' a gente deixa pra lá, afinal de contas, tudo só acontece no momento exato em que deve acontecer.

Continuo... dessa vez no aeroporto de Praga quem sabe....

3.3.09

Barcelona Parte III

A hora que eu acordei era o momento exato em que a aula estaria começando e provavelmente estava. Lado bom da história era que eu já sabia andar de metrô e sabia exatamente qual a estação mais próxima, o resto era fácil. Desci correndo até a estação mais próxima do hotel e voilà! Estavam fechando! Como fecha-se uma estação 9h30 da manhã em uma cidade como Barcelona? Não sei responder. Tranquilo pensei, já estou atrasado mesmo, vou caminhando até a próxima. Caminhando o caramba, eu fui quase correndo. Andei não sei quantas quadras porque obviamente eu não tinha a mínima idéia de onde ficava a outra estação. Demorei um certo tempo mas consegui finalmente chegar e para a minha surpresa estava aberta! Obrigado. Desci as escadas sorrindo. Já havia telefonado para avisar que estava tendo pequenos problemas com o transporte público da cidade mas que seria apenas uma questão de tempo para eu conseguir chegar. Entrei na estação e havia uma placa. A estação estava fechada. Mentira! Era muita zica pra uma viagem só! Pow, eu não tava na cidade nem a 48 horas e já tava acontecendo tudo isso? Macumba, certeza! Sai da estação com aquela cara de: e agora? Continuei andando, agora um pouco mais devagar e um pouco mais desesperado também. Olhei os pontos de ônibus, afinal era uma opção. Parei no ponto, fiquei olhando nos mapas e isso eu tenho que dar a mão a palmatória, a cidade é extremamente bem sinalizada e você consegue chegar a qualquer lugar de forma muito simples e sem precisar de muita ajuda, e fiquei procurando qual linha atendia a uma localidade próxima a escola. Olhei para um ônibus que parou no ponto que estava absurdamente lotado. O ônibus não cabia uma agulha. Pra quem já estava atrasado, agora ter que ficar esperando um ônibus lotado talvez não fosse a melhor idéia do mundo naquele momento. Continuei descendo a rua procurando agora algum taxi. Mas pensem, se as estaçoes de metrô das proximidades estavam fechadas, os ônibus lotados, quais as chances que vocês acham que eu tinha de achar um taxi vazio? Caminhei umas 10 quadras. Achei que já estava chegando perto da escola e depois pelo mapa eu vi que estava mesmo até que resolvi caminhar discretamente pelo meio dos carros parados no farol para ver se conseguia visualizar algum taxi desocupado. Finalmente depois de mais umas 3 quadras eu achei um, entrei e pedi para me deixar na porta da escola.

A escola tinha uma entrada super moderna, bem iluminada, de vidro. A primeira impressão foi muito boa. Fiquei esperando uns 10 minutos as pessoas que trabalhavam na recepção pararem de ficar andando de um lado pro outro tentando resolver uns problemas quase imaginários e perceberem que tinha um ser ali no meio querendo informação. Uma garota passou por mim e usava um salto agulha provavelmente de madeira. Ela fes questão de caminhar todos os metros quadrados da escola e aquele barulho parecia que entrava no meu cérebro e chacoalhava mas graças a Deus os últimos metros quadrados foram em direção ao corredor que dava acesso a rua e eu agora só escutava o barulho cada vez mais baixo e mais distante. Me deram um teste e nem sequer uma caneta. Começei achar as coisas um pouco estranhas. Esperei 15 minutos aparecer uma professora, fiz a entrevista e fui encaminhado para uma aula de nível intermediário, mas antes deveria pegar o livro na recepção. Nesse momento recebi uma visita surpreendente: Lady Murphy. Ela sentou no meu ombro e disse: vamos a recepção. Claro que junto comigo chegaram umas 20 pessoas que formaram uma fila incrível em segundos e eu ainda parado olhando. Entrei na fila e descobri que o valor de um livro emprestado era de 25 euros e um livro comprado 30. Comprei achando aquilo uma das coisas mais ridículas da face da Terra. Será que além de não me darem caneta eu ainda teria que pagar por cada movimento ou objeto que eu usasse naquela escola? Entrei um pouco tímido como sempre e sentei ao lado do professor com uma cara um pouco estranha, no sendo horário obviamente depois de tantos atropelos. Quase no mesmo instante entrou uma garota que sentou no único lugar vago, que era na minha frente e para a minha surpresa quem era? A garota do taco que chacoalha cérebros. Sentou e ficou me olhando de uma forma tão fixa que se eu já estava com vergonha, ali eu fiquei mais ainda. Sabe quando você não sabe para onde olhar? Olhei para baixo. A aula estava começando. Fizeram com que eu me apresentasse para a sala: consegue imaginar minha cara? A garota também se apresentou: chama-se Maria e era da Russia. Haviam também duas garotas e um garoto sueco, uma dinamarquesa, uma israelita, uma francesa, uma brasileira que não frequentava e obviamente não estava e um japonês, erámos 10. Percebi a falta do meu celular. Havia esquecido no hotel ou no táxi? Mandei um e-mail da escola avisando minha mãe para que ela visse qual a melhor alternativa, esperar ou cancelar.

Depois da aula normal eu tinha aula de cultura com algumas asiátias, o japonês da minha sala, a russa que obviamente jà sentou do meu lado e uma italiana chama Marta de Milão que pra mim já era uma salvação visto que eu iria para lá no final da semana. Conversamos bastante. Saí e fui direto pro hotel procurar meu celular, revirei e obviamente nada. Ficou no taxi. Desci até um telefone, tentei ligar e só chamou. Liguei pra minha mãe e avisei, era melhor cancelar. Pontos pra mim. Fui no centro procurar um celular para comprar mas precisava do passaporte que claro estava no hotel. Decidi então curtir aquele tempinho de garoa e fiquei caminhando por uma rua que tem um calçadão central e chama de Rambla. Subi e desci diversas vezes. Tentei ligar pro Felipe para saber que horas ele ia sair do trabalho pra gente fazer alguma coisa mas nada. Andei até umas 9 da noite e voltei pro hotel. Cansado. Muito cansado. Até aquele momento eu ainda não tinha muitos motivos para comemorar o fato de estar em Barcelona. Será que eu conseguiria ter, afinal?

Meio aqui, meio lá.

Eu voltei, confesso. As impressões estão quase prontas. Começo postar em breve.