8.8.16

coração partido.




Fiquei ali parado na chuva, segurando o coração com as mãos. Eu sabia que estava sangrando, mas tudo iria ficar bem. Tínhamos que deixar algumas coisas irem embora para poder sobreviver, então foi o que fizemos.

Eu vejo os prédio balançando a minha volta, como se um terremoto estivesse sob meus pés, mas era apenas a minha visão turva. As ruas enchiam-se de água e meu sangue escorria pelo meu corpo.

A violência do mundo te assusta como uma criança sem os pais. E o tempo transforma as horas em eras que passam lentamente enquanto você se pergunta: como foi que nós chegamos a esse ponto? Eu grito para uma parede como se ela pudesse me responder. E só recebo meu próprio eco vibrando no meu corpo.

Tropecei em boa parte do caminho até chegar onde estou, na frente da sua casa. Meu coração nas mãos e a chuva caindo pesadamente. Os raios cortam o céu e trovões fazem as janelas vibrarem. Mas só há uma luz acesa, a do teu quarto. Eu encaro a janela com o coração ainda nas mãos, pensando se atiro ou guardo no bolso. Seguro ele cada vez mais forte e me ajoelho no chão. Tudo ainda treme e a chuva ainda cai.

Você aparece em meio à cortina e me vê. Eu vou até a calçada e deixo um adeus silencioso e um coração partido. Volto pelo mesmo caminho tortuoso que me fez chegar até aqui.