31.3.10

afastamento.

eu me afastei. não sei exatamente o quando eu consegui fazer isso. faz tão pouco tempo e já me sinto longe como em uma praia deserta. e eu sei que as pegadas na areia ainda estão tão frescas que nem mesmo a última onda conseguiu apagar. eu continuo olhando pra frente como se eu fosse uma águia, mas isso são metas e definições minhas e que eu não quero compartilhar. não quero que saibam. nada. quero viver o vazio e o buraco deixado e ir preenchendo ele todo comigo mesmo. eu quero ser preenchido por mim e não por outra pessoa. quero me curtir. olhar pra dentro de mim e ver o meu melhor.

uma vez eu dei um cartão de presente, não era nenhuma data especial. eu dizia que se eu pudesse eu gostaria de um dia poder olhar para trás e ver só as coisas boas. deixar de lado as coisas ruins que aconteceram. no cartão dizia: "e se um dia você precisar olhar para trás para me ver, que você possa ver apenas as coisas boas. porque durante todo o tempo a única coisa que eu tentei foi ser o meu melhor pra você". eu esqueci de ser o melhor pra mim. e me deixei de lado um pouco.

eu nunca me arrependo das coisas que eu faço. eu posso analisar muito bem e ter claro para mim mesmo que não tomei a melhor das decisões, mas isso não quer dizer que eu gostaria de voltar atrás e refazer todas elas. eu sou do tipo que acredita (bem clichê) que nada é por acaso e as coisas acontecem no tempo certo. ok. aconteceram. duraram. acabaram. e existe um novo ciclo até para a mesma situação. o fato de você atravessar algo não te exclui de atravessá-la novamente no futuro. isso serve para qualquer situação na vida.

vou continuar caminhando e olhando pra frente. eu sei das aflições e sentimentos que eu carrego dentro de mim mesmo e não pretendo abandonar nada. nem uma única fagulha desse incêndio. não vou xingar ninguém nem mudar minha essência. eu sei quem sou. eu sei o que eu represento para quem importa e bem, muitos dos meus amigos podem não acreditar mas eu não vou procurar. não vou olhar rastros e vestígios. não vou ver uma folha amassada no chão e tentar descobrir a altura da pessoa que passou por ali ou quanto ela calça. eu vou simplesmente continuar meu caminho e deixar que o meu próprio livre arbítrio me direcione. seguindo meu coração sempre, eu quero descobrir em que praia eu vou ancorar de novo.

e que assim seja.




originalmente escrito em 19/3/2010

26.3.10

milão.

engraçado ver o quanto ele já tinha deixado a barba crescer. e o quanto estava diferente por isso. era como se aquilo o pudesse esconder de algo ou apenas desleixo. eu particularmente não sabia dizer qual a real intenção. na verdade era difícil saber alguma vez o que realmente ele estava pensando. por mais que ele falasse e olha que ele era bom nessa arte, ele nunca conseguia se expressar de forma clara. ele tentava de diferentes formas mas parecia que as pessoas não conseguiam acompanhar a velocidade de seus pensamentos ou a lógica das suas razões. ele pecou porque queria pouco.

nós estávamos sentados em uma mesa de bar. daquelas para 4 pessoas porque ele gostava de espaço. espalhava todos os seus objetos pessoais e ficava reorganizando-os durante a noite enquanto tecia suas explanações complexas. aquele dia algo parecia diferente. ele estava melancólico. não que ele já não fosse assim naturalmente, mas dessa vez havia algo em seu olhar. em uma questão de uma hora de conversa mesmo sem ele ter dito uma única palavra sobre isso eu já poderia dizer exatamente o que estava acontecendo e a fonte daquele olhar. ele estava cansado. aquele cansaço que vai chegando de mansinho e invade a alma. não era físico. ele parecia que estava desistindo de lutar. ele estava prestes a entregar os pontos.

eu não lembro quanto eu bebi aquele dia e nem como eu consegui chegar até a minha casa, mas eu não esqueço nenhuma das palavras que ele me disse. era uma pessoa que quando realmente queria dizer alguma coisa, conseguia fazer com que todos prestassem atenção. mas precisava ser algo realmente importante e naquela noite parecia que todas as palavras que saíam da boca dele tinham uma importância que chegava a pesar. eu sentia minha cabeça girar e não pelo álcool, mas pelas coisas que eu estava escutando. ele estava realmente desistindo daquilo tudo.

planejamos viagens e fugas cinematográficas do país. assaltos a bancos para resolver problemas financeiros. irmos a um parque de diversões e nos reunir todas as semanas. planejamos tantas coisas quanto foram possíveis para que o foco mudasse completamente de lugar e a luz dos spots fossem direcionadas a coisas que trouxessem soluções, prazeres ou felicidades instantâneas. no final das contas sabíamos que nada daquilo sairia daquela mesa. nunca assaltaríamos um banco ou iríamos para nova iorque. ambos sabíamos que a realidade nos pegaria de uma forma louca no dia seguinte.

faz mais ou menos um ano que não nos vemos. às vezes tenho notícias dele por intermédio de alguém que chega feliz para contar. itália. esse foi o destino que ele escolheu. sem falar com ninguém. sem pensar. um passaporte e uma mochila e recebi um cartão postal de milão. ele havia de fato desistido. talvez ele tenha criado a coragem de fazer tudo aquilo que nós havíamos falado naquela mesa. talvez ele tenha assaltado um banco e ido ao parque de diversões. talvez ele tenha vivido muito mais do que eu. ou talvez menos. depois daquele cartão postal não tivemos mais contato. já sabíamos desde o princípio que aquilo iria acontecer. e hoje eu me pergunto: qual de nós dois, realmente desistiu?



escrito originalmente em 5/3/2010.

24.3.10

mas são amigos né?

[15:31:31] rafa: hunff...
[15:32:54] rafa: isso q vc naum sabee...na ultima semana q eu fui pra sampa antes de ir morar la..eu fui com o fe e uns amigos dele...e dei de caaara com o outro Felipe...¬¬...mas eu acchoo q ele naum me viu...tudo bem q eu tava com cabelo azul..entaum acho dificil ele naum ter visto...hauahuaa...mas enfim...ai na primeira semana q eu ja tava morando la..nos fomos dnovo com a prima do fe..e dei de cara com ele dnovo...¬¬
[15:33:27] rafa: e eu to quase tendo a ceteza q ele curt coroa..por isso naum me kis...hauhauahuaha
[15:33:40] rafa: pq as 2 vezes ele tava com homem mais velhos
[15:34:24] Carlo: pera.
[15:34:28] Carlo: eu fiquei cego por alguns instantes.
[15:34:30] Carlo: eu li cabelo azul?

23.3.10

last night.

E eu eu to nessa situação patética. pode ser até que eu leve a sério esse lance de diário. escrever sempre foi uma maneira de me aliviar e me analisar. de fora. desculpa, eu não tenho a mania de ficar relendo over and over again as coisas que eu escrevo, mas eu presto atenção quando eu faço isso e talvez seja uma das poucas coisas que eu consiga prestar atenção de verdade. ou só escrevo e dane-se. quem saberá? sou eu degladiando comigo mesmo. preso na mesma música que eu escutei sei lá quantas vezes durante o dia daqueles estúpidos vagalumes que eu agora chamo de fireflies só pq eu aprendi uma palavra nova em inglês. congratulations pra mim. e eu ainda paro na patética pergunta: devo mostrar isso pra minha terapeuta.

maldito seja quem escreveu grey's anatomy. mas maldito mais ainda seja eu que consigo me encaixar perfeitamente nos dois principais atores do seriado. a grey's na covardia e o mcdreamy na parte romântica e do 'ok que você seja um trem quebrado, eu não vou desistir de você'. mas sabe de uma coisa? quando eu paro assim pra escrever eu me sinto até patético. e eu aprendi na faculdade a nunca ficar repetindo demais uma mesma palavra e é isso o que eu tenho feito hoje. não, não vou ser idiota comigo mesmo, eu tenho feito isso a um certo tempo. e o pior disso? é um nome próprio.

mudou de música. claro, eu fiz uma playlist com duas. fireflies e universe & u que já apareceu por aqui. e quer algo mais ridículo ainda a meu respeito? eu baixei a discografia inteira de owl city só pq eu vi que o 'nome próprio' elogiou. e fireflies? eu não inventei. eu entrei no last.fm e vi que era uma música que foi tocada ontem, twice in-a-row. pra alguém que não tem músicas no computador isso significa muito, né?

mas eu me recuso a parar de escrever ou de tentar limpar isso de mim. não que seja uma sujeira, mas eh algo absurdamente horrível de admitir pra mim mesmo que no final das contas quem falhou fui eu! óbvio, apenas eu havia dito que não ia desistir. e adivinha quem jogou a toalha? that's right, baby. eu também não consigo evitar saindo de grey's pensando em inglês. é uma overdose linguística que me faz tão bem. eu aprendo muito mais do que eu posso imaginar. ainda que eu consiga me achar parecido com duas pessoas completamente diferentes. mas eu aprendo. aprendo que talvez eu não seja tão patético assim, ou bem, se eu for, at least não sou o único. vou parar com as perguntas porque depois minha terapeuta vai dizer que eu sou inseguro o suficiente pra ficar pedindo aprovação sobre tudo o que eu falo. hahahaha meu deus, eu não gosto de admitir o quanto ela está certa. e eu comecei a terapia a tão pouco tempo e ela já sabe tanto. acho melhor esconder esse texto dela. (kidding, amanhã eu levo impresso. ops, passou da meia noite, já é hoje).

sabe, acho que escrever um diário é muito, muito mais difícil do que parece porque não é só sentar e escrever 'querido diário, hoje eu trabalhei e bla bla bla'. não. a coisa tem que ser levada mais a sério. você precisa estar profundamente ligado as suas emoções e saber o que você ta sentindo e só assim você consegue parar, sentar e escrever algo decente sobre você mesmo. decente o suficiente pra que alguém tenha interesse em ler, ainda que esse alguém seja você mesmo. e tussir, como eu to fazendo agora, só me lembra como é estúpido o fato de eu ter voltado a fumar. não pelo ato em si, mas pelo que ele representa e pela fonte de onde ele veio. é. a vida é uma bagunça no final das contas, não é mesmo?

eu não vou ficar usando isso aqui pra falar do meu dia, a não ser que seja algo importante. algo que valha a pena. mas também não quero baixar a guarda tanto assim. tanta coisa acontece durante o dia e eu que já quase não gosto de falar, imagine se eu fosse descrever todas as sensações ou todas as vezes em que minha mão tremeu e eu precisei acender um cigarro pra fugir de mim mesmo? essa tela que já está cheia se espalharia pela minha cama e jogaria palavras na cara das pessoas. mas essa não é a idéia. a idéia é deitar e rezar pra que o cara que escreveu grey's anatomy dê a oportunidade da gente ter pelo menos 27 temporadas, porque eu to terminando quarta e na televisão tá a sexta. o que me faz chegar próximo ao fim ou pelo menos chegar naquela situação em que você se conforma com um episódio por semana. mas eu vou reassistir. reassimilar cada frase e cada pensamento. e vou trazer isso pra dentro de mim. porque afinal de contas, eu ainda sou eu, o universo e você. e você sabe disso.

boa noite.

22.3.10

irritação, parte II

Ok, a giovanna como sempre me viu chegar irritado. e claro, quando eu to com qualquer coisa que não certa 'normal' a giovanna pergunta. talvez seja pelo fato de que ela senta exatamente na minha frente no trabalho e eu... digamos que eu me entrego quando o quesito é expressão facial. ok, a giovanna percebeu que eu estava irritado, não que eu já não tenha chegado falando sobre isso. mas enfim. o ponto é: ela queria saber PORQUE eu estava irritado. a primeira coisa que me veio na cabeça foi responder: não sei, se foi algo eu já apaguei, exatamente pelo fato de ter me irritado. mas não. eu comecei a pensar e pensar e descobri. obviamente estava relacionado com a senhora minha mãe. agora vamos aos fatos. (pausa pra tragada) espera. meu cigarro apagou. é um complô cósmico? só pq eu já estou irritado e ia parar pra uma tragada? ok. agora pausa pra acender a porra do cigarro que está mal comunado com aquela vaca da Lady Murphy.

ok, agora sim vamos aos fatos: estava almoçando e então eu decidi que talvez eu tenha perdido alguma coisa importante no último episódio que eu assisti de grey's anatomy. outra pausa. talvez quem leia não consiga entender exatamente a minha relação com grey's, obviamente isso se você não for uma pessoa muito próxima a mim, mas saiba, grey's pra mim é MUITO importante. e bem... digamos que eu estava distraído ontem a noite e acabei deixando passar algumas coisas. just for the record, ontem foi 21/3 porque só deus sabe quando eu vou postar isso. bem... eu alegremente falei para as pessoas presentes na mesa que eu daria uma de teenager e iria pra sala reassistir o último ep que eu tinha visto de grey's. (pausa pra tragada e é bom ele estar aceso dessa vez).

eu dei duas tragadas. não pelo fato de eu estar irritado, só porque eu estou escrevendo muito e depressa e bom. não sei quando será a próxima pausa.

eis que na hora em que eu me levantei fui questionado: porque assistir de novo esse episódio? eu respondi com um sorriso do tipo: 'é nessa parte que eu encarno o raiden e um raio vai te dar fatality?' e disse: acho que não prestei atenção o suficiente. fui assistir e obviamente ao invés de me chamarem ou pedirem pra alguém chamar, não... gritaram. claro. a mesma pessoa que já estava querendo que eu encarnasse um personagem mau de histórias em quadrinhos e a reduzisse em pó: minha mãe. voltei pra sala de almoço e ela disse: porque você foi ver de novo? por causa da conversa das meninas? ok. eu nem me liguei na hora qual era a conversa, mas nesse momento, nesse exato momento o meu mundo fico cinza (não que já não seja muito pelo fato deu ser daltônico, mas eu vejo cores, ok?) e nessa hora foi como se tudo tivesse ficado branco e preto e eu me irritei ainda mais.

próximo passo? carregar latas de tinta pro carro. que aliás eu já havia começado a me irritar. verdade. achei a 'source' da situação. mas não quero falar sobre ela. bom... o lance é que a partir daí tudo me irritou. o fato deu dividir o banco com uma impressora multifuncional dentro de uma porra de SUV que tem um porta malas maior que o cérebro de um hipopótamo também me irritou. eu só abri meu livro e tentei sublimar todos esses fatos. alguém me deixou em paz? não. quiseram conversar. contar sobre um caminhão quebrado. na verdade a pergunta era: ele era da obra ou não. cara, sério. nessa hora eu fechei os olhos e me perguntei: qual a diferença na vida de um ser humano saber se o caminhão quebrado que me atraplhou chegar já atrasado no trabalho era da obra ou não? nenhum. ok. eu respondi: não. então meu pai foi brilhante nessa hora e perguntou: era um caminhão qualquer? quase respondi que não. era um caminhão para transporte de corpos humanos e tava indo especialmente buscar o dele depois que eu reduzisse os meus genitores a dois cadáveres. mas não. de novo eu sublimei mas dessa vez com um tom meio irritado eu disse: não. depois eu realmente não lembro de mais nada porque eu tava lendo e consegui me focar no livro. acho que irritação pra mim é melhor que ritalina, vou começar a considerar isso como café da manhã. pronto. diário parte I concluída. serei apedrejado?

beijos.

irritação.

eu to irritado. ok eu não estava me sentindo muito bem, você sabe. tava meio no chão. mas ae eu simplesmente fiquei irritado. tudo começou me irritar. uma irritação subta. ridícula. até eu chegar no escritório e então parece que a irritação virou fúria que virou desespero que virou saudade que virou eu mais irritado do que eu imaginava estar. sabe, eu poderia ter um diário. eu poderia escrever o que eu sinto de vez em quando ou criar um site igual ao 300 love letters. seria interessante e talvez tivesse um item: frustrações. talvez eu pudesse fazer todas as coisas do mundo, mas agora eu só consigo ficar irritado.