24.9.15

eu, eu mesmo e o ciúmes (parte II)



A primeira coisa que eu pensei foi: porque eu procuro? Porque essa mania de ficar vasculhando o passado das pessoas, que ficou pra trás? As pessoas mudam, se renovam, trocam de amores e de estilo, seja de roupa ou de vida.

Eu fico me prendendo dentro de paredes que eu vou levantando à minha própria volta. E depois fico ali, preso, pedindo socorro pra quem nem sabe como eu fui parar ali. Nem eu mesmo sei, só me dou conta muito tempo depois.

Crio e recrio situações dentro da minha própria cabeça, fantasio sobre coisas que eu acredito que possam talvez ter acontecido. Oi? Exato. Sou desses. Tenho essas viagens mirabolantes em que tudo já aconteceu, já foi consumado, já acabou e foi esquecido, e eu ainda estou descobrindo, como eu imagino que esteja, pra depois saber que foi tudo fruto da minha mente perturbada.

Não tem nada de honesto no caráter das pessoas nas minhas análises de travesseiro. Me remexo na cama a ponto de me enrolar nas cobertas como uma múmia do Louvre. Respiro e transpiro um suor agonizante entre perguntas e respostas que eu mesmo invento. Ninguém precisa colaborar, apenas existir. Eu sou o ciúme personificado e egoísmo puro.

E então eu voltei à pergunta: porque eu procuro? Masoquismo mental. Aquela coisa que você sabe que vai te fazer sofrer, mesmo sem ter razão para isso, e que mesmo assim você acelera e vai de frente. Depois que bato de cara, fico ali, tonto e agoniado tentando achar a posição no travesseiro. Coitado do travesseiro, já levou tanta culpa por noites mal dormidas que ele nem imagina. E ai se ele pudesse imaginar as coisas que eu imagino, tenho certeza que até ele ficaria sem dormir também.

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