12.3.09

Busco e esqueço

Talvez eu tenha gritado junto.
Cortaram a linha, e eu me perdi.
Não foi linear a história,
nem o final foi premeditado.
Acabou? Recomeço então.
A confusão das palavras mal ditas
e dos diálogos que eu deixei na metade
ou nem comecei.

Me afasto em lágrimas
ou em sorrisos?
Me conte mais sobre você
me dê algo que eu não tenha.
Seja feliz enquanto eu estou aqui.
Façamos então o mesmo percurso,
você ainda lembra qual era o nome da rua?

Acho que já me perdi aqui uma vez
me lembro daquele poste marcado
das tuas rugas todas, de expressão séria
e das minhas de encanto de um novo lugar.
Não queria mas fiz. Vamos comigo?
Leia mas não diga a ninguém que o fez.
Me conte o que achou e minta
dizendo que não vive sem mim.

Aquela faca não cortou de novo
peguei um garfo e atirei
sempre errei o alvo, não é mesmo?
Deixe que o copo caia de novo, eu limpo
e estrago novamente alguma coisa inútil
enquanto você nem repara que eu existo
na espera do dia em que não viverá sem mim.

Esquece aquilo, não quero voltar.
Foi tudo ilusão passageira,
mente perversa de quem tem tempo demais
fome demais, vontade demais e ama pouco.
Arraste o sofá e deixe cair o mundo
em cima de alguém desesperado que passe pela janela
mas não grite socorro, não te escutos
e nem a mim mesmo e nem aos outros.

Me copie em um gesto e me atire uma palavra
ou três ou nenhuma ou todas.
Dirija-se a mim como se fosse um qualquer,
igual você sempre faz não é mesmo?
Não siga naquela direção,
não quero te ver de costas, quero que você me veja
em uma rua qualquer que eu me perca de novo
mas sorria por estar perdido.

Era quase natural o desespero.
Não sobrou ninguém em mil contatos
e sobraram todos os fantasmas do passado.
Reavivaram a eles todos e esqueceram de nós.
Força incontida de uma mão reluzente
brilhoso metal jogado, atirado, esquecido de novo.
Avisa que eu não vou chegar hoje
e nem outro dia.

Havia uma calçada também do outro lado
então porque estamos desse?
Vamos dividir e parar de subtrair
eu vou ali sem você,
me somo a um corpo qualquer e descubro
que não há nada. Enquanto você o faz
e descobre que existe tudo.
Não quero o inverso, nem você.
Façamos uma nova busca.

Eu te esqueço e você me acha.

Não faça isso ou
faça tudo o que der.
Me deixe ali no canto e corra.
Seja o que não sou enquanto
eu tento ser o que você é.
E não me machuque hoje
e nem amanhã quando não me tiver.

Atenda com um sorriso e eu digo
um bom dia qualquer vazio
de quem já não tem vontade de ligar
nem de fazer e estar.
Iludam-se mortais enquanto eu bebo
alguma coisa qualquer para esquecer.
Sem álcool por favor, não tenho do que fugir.
Você fica no longe, não preciso nem correr.

Esconda-se novamente e desapareça
ou deixe que eu o faça e não me impeça
peça.
um quebra-cabeça desmontado
o inverso traz a minha foto e uma lágrima
só vire em caso de emergência e afogue-se
em uma gota borrada e seca
lembrando que poderia ter feito tudo.

Tirei algumas fotos para guardar
e nem posso rasgá-las para esquecer
nem apagá-las para não repetir
e já não abro a porta para receber o ninguém
e brindar uma vitória que eu não tive.
Mas lembre-se da nova busca.
Corra, enquanto estou lúcido.

O mundo vai acabar para alguém hoje,
e vai começar para outra pessoa.
Em qual lado estou? acabou?
você. eu. nós.
O que é começo e fim?
Esquecemos de voltar e lembrar
e de viver também enquanto eu repetia
o mesmo vídeo de fotos inúteis
que eu queria de volta e de novo.
Diferente. Novo. Surpresa.

Cadastre-se em um rosto qualquer
peça para ser amado ou esquecido.
Transe sem vontade, sem pudor
que seja comigo ou com o Mundo,
mas saiba escolher bem.
Não volto duas vezes para o mesmo espaço
a não ser que você peça.
Caso contrário não haverá mais nada.

Façamos uma nova busca.

Eu te esqueço e você me acha.

Um comentário:

Anônimo disse...

uau! que honra ver alguém falando que quer postar um texto meu :] que bom que vc gostou. esse texto foi um dos meus preferidinhos, gostei bastante quando terminei ele. talvez pq tenha escrito com o coração. era exatamenete oq tava sentindo na hora até chorei enquanto escrevia e admito que depois, ao ler de novo tornei a chorar. ando meio sensível com essas coisas mesmo! mas e vc? onde achou meu blog? um beijao!