20.2.09

Barcelona Parte II

Depois da interminável fila chegou a hora de sair do aeroporto. Primeira impressão da cidade foi: frio. Segunda foi ver uma pessoa bem conhecida que eu estava entre querendo MUITO ver e absolutamente não querendo, ou talvez não naquele momento em que as coisas já pareciam estar um pouco fora dos eixos. Ok, achei que seria então uma boa oportunidade para relaxar um pouco e ter uma direção. Precisava urgentemente de uma roupa caso a mala não chegasse porque afinal de contas eu queria sair e conhecer a cidade e alguma balada apesar de não ser nada fã de baladas, o legal é analisar as diferenças sociais. Começamos andar pelo centro em busca de algumas coisas, comprei algumas roupas para ter o que usar e fomos comer. Cheguei ao Hard Rock Café da Praça Cataluña completamente ensopado, o que obviamente depois de tudo o que aconteceu já havia me deixado de mau humor. Comi, briguei, fiquei nervoso (todas as vezes eu descubro que essas brigas são apenas projetos de falta de diálogo), entrei em um táxi e fui pro hotel. Descobri que não valia tanto a pena andar de taxi, mas afinal de contas, sem mala, molhado e de mau humor eu garanto que não seria um momento agradável para aprender a usar o transporte público de uma cidade que nem o meu idioma fala.

Cheguei ao hotel, fiz o check-in e etc e fui direto encher a banheira. O primeiro detalhe que eu guardei foi que o chão era de porcelanato o que me garantia passar frio entre a cama e o chuveiro. Perfeito para quem não havia levado chinelo acreditando piamente que haveria um carpete. Banheira cheia eu pude relaxar. Pensamento positivo, afinal de contas nem tudo estava saindo ruim, sejamos sinceros, eu estava na Europa e tinha um mês para curtir uma vida praticamente sem preocupaçoes. Sai da banheira outra pessoa, confiante e alegre. Afinal de contas, algumas coisas eu não teria mais que encarar e tudo seria uma novidade. Fui tirar o tampão da banheira e eis que? Não saia. Tentei puxar, fazer uma espécie de desentupidor de pia com as mãos, tentei e tentei diversas maneiras. Nada. Resolvi tirar um pouco da água pra ajudar com o lixo do banheiro jogando na privada. Depois de muita tentativa eu já estava a ponto de ter uma crise de choro. Liguei na recepção. O cara que atendeu não tinha idéia de como fazia, para ele deveria ter algo para puxar. Foi até o quarto com um canivete, entrou na banheira, tentou diversas vezes, me entregou o canivete e foi embora. Disseram que no dia seguinte teria alguém da manutenção para verificar o problema. Ok, agora eu tinha uma banheira que não esvaziava!

Comecei fuçar nos meus mapas a procura das baladas. Pareciam ser divertidas e afinal de contas baladas européias tem boa fama. Ok, um detalhe, eu percebi que não tinha perfume, escova de dente, desodorante. Como eu ia pra balada? Resolvi descer. Continuava chovendo. Pedi para que chamassem um taxi, desculpa mas eu ia ter de pagar mas ao menos ia até o centro e voltaria, farmácias abertas 24 horas eram poucas na cidade para não dizer que aquela era a única e já era tarde porque o conselho era chegar na balada só depois das 2 da manhã. Fui até a farmácia, comprei as coisas e voltei até o hotel. Tomei banho, me troquei e fiquei conversando com o recepcionista para descobrir caminhos alternativos e etc. Malha metroviária da cidade era excelente e segura. Ótimo, chega de gastar com taxi. Fui muito bem indicado e consegui chegar até ela. Para ser bem franco achei a balada horrível fisicamente. As músicas não me agradavam em nada e as pessoas menos ainda. Conheci 2 brasileiros e me senti em casa, até perguntar: o que vocês fazem aqui em Barcelona? Eles me responderam que assim como todos os garotos brasileiros da cidade, eram garotos de programa. Me senti um avestruz sem penas naquela hora. Se isso era ser brasileiro em Barcelona eu estava agradecendo ficar só uma semana. Celular toca. Seria minha salvação ou condenação? Fui seco e um pouco grosso. Mandei uma msg dizendo que eu havia tentado antes. Resolvi depois de 5 minutos ir embora, não aguentava mais o lugar nem as pessoas, Barcelona para mim estava sendo uma tortura logo na primeira noite e parecia que eu estava lá a uma eternidade.

Na fila para pegar o casaco encontro meu amigo que me procurava. Resolvemos ver outra balada mas eu logo da entrada já achei melhor só andarmos, afinal se era uma cidade segura, então o mais legal era caminhar e conversar. Haviam muitos pontos ainda para serem discutidos. E foram, um a um. Talvez eu tenha entendido muitas coisas, não concordo com algumas até hoje. Caminhamos durante umas 3 horas até começar a chover de novo, mas conheci todos os pontos turísticos importantes da cidade em uma caminhada noturna. Não que eu estivesse prestando muita atenção mas foi excelente. Acreditei que tudo estava resolvido. Fui pro hotel rezando para que as coisas melhorassem. Cheguei molhado de novo pois entre a estação e o hotel chovia e muito. Agora eu não tinha mais outra roupa para usar. Reclamei, xinguei e fui dormir umas 9 da manhã.

Domingo eu fui acordado pelo telefone, era a recepção me avisando que haviam entregue minha mala! Ok, algo estava dando certo. Verifiquei que ela não havia sido mexida, apenas meu chaveiro tinha ido pro saco. Dormi novamente e acordei tarde. Liguei para avisar que o cara da manutenção jà podia ir. No final? Era o circulo de metal que antigamente eram as torneiras da banheira que eu só precisava girar e a tampa levantava. Me senti um imbecil e quis matar o recepcionista com o canivete dele. Pedi um adaptador porque as tomadas eram diferentes e descobri que a minha maquina de barbear enlouquecia naquela tomada e fiquei com medo dela me degolar ao invés de somente aparar minha barba. Depois de tanta emoção no hotel resolvi sair e fiquei andando pela cidade sozinho. Rodeando algumas ruas e olhando mapas, tirando fotos e descobrindo muitas coisas. Me sentia bem por estar feliz e triste ao mesmo tempo pelo mesmo fato. Tudo era novidade e as coisas continuavam seguindo o mesmo rumo. Já tinha um lugar para comer relativamente barato. Conheci alguns pontos interessantes da cidade graças a um guia que eu comprei no aeroporto para poder trocar dinheiro e pagar o ônibus para ir até o centro, o mesmo que me falou das baladas e dos horários e que agora me entretia durante minha caminhada pela cidade. Quando estava anoitecendo eu já estava de saco cheio. Fui até o hotel e ali fiquei. Dormi tarde de novo, claro e perdi a hora pra escola. Um ótimo começo, como sempre.

Continua...

7.2.09

Bem-vindo a Barcelona.

Barcelona. Era exatamente esse o lugar da entrada e da saída. Mas isso poderia ser mais de uma vez. Era o caso. Estou sentado no aeroporto de Barcelona, capital da Cataluña, España. Setor de embarque M4 entre as portas 40 e 45 esperando me avisarem qual é a porta em que eu devo embarcar em um vôo que me levará para Milano. Outra cidade nova. Outros tantos de sensações. Talvez alguma despedida com ou sem graça. Mas eu quero falar do presente e do passado, aquele que ficou mas que está perto demais. Meu passado presente: Barcelona.

Cheguei no dia 31 de janeiro, por volta de 13h30min aproximadamente depois do vôo ter atrasado. Na verdade eu acho que vou voltar um pouco as coisas. Vou comecar pelo aeroporto de São Paulo. Pela ansiedade de entrar em um país europeu pela primeira vez e toda aquela áurea e ditos e conselhos e cuidados sobre as pessoas que estavam sendo barradas no aeroporto Barajas em Madrid. Pânico, claro. Ao fazer o check-in perguntei informações sobre minha conexão em Madrid, se estaria bem sinalizada e etc. Afinal de contas, caso quem esteja lendo não saiba, eu tenho certos pânicos e um deles eh chegar atrasado e perder horas e vôos. Então eu em muitas coisas sou um pouco metódico e precavido. Ok, as vezes passo um pouco desse limite racional. Voltando ao check-in eu fui informado que estaria bem sinalizado mas que eu deveria prestar muita atenção uma vez que a imigração ficava para a esquerda, mas que eu NÂO PODERIA (o funcionário falou exatamente assim) EM HIPÓTESE ALGUMA passar pela imigração em Barajas uma vez que eu não poderia sair da área de embarque, afinal de contas eu nem com a mala deveria me preocupar, ela já estava sendo etiquetada diretamente a Barcelona. Senti aquilo como uma primeira vitória. Contra mim e contra todos os que achavam, tinha certeza, desejavam ou só brincavam que eu iria ser barrado. Entendi completamente todas as indicações e fui direto para a área de embarque claro que sempre dentro de uma certa preocupação. No fim das contas o vôo saiu com um atraso de 1 hora e eu nem percebi. Tudo estava indo relativamente bem. Apenas esqueci de mencionar o fato de que havia reservado o assento com o mesmo número da minha tatuagem e na hora de olhar o cartão de embarque eu pude perceber que estava uma poltrona atrás e no corredor. Para quem já estava encarando diversas sensações e idéias novas, talvez fugir um pouco da regra da janela fosse uma boa conduta.

Agora sim, cheguei no dia 31 de janeiro, por volta das 13h30min e já um pouco atrasado para pegar o próximo vôo que saia em torno de 14h10, algo assim. O vôo havia sido algo nada tranquilo, com turbulência em todas as horas que estava para dormir, e daquelas que o piloto vai ao microfone e manda apertar os cintos, então acredite em mim. Não foi nada tranquilo. Nas primeiras 3 ou 4 horas eu conheci uma brasileira simpaticíssima, que aliás só foi possível exatamente pelo fato deu estar sentado no corredor e ela também porque não gosta de viajar na janela. Dei risada, ouvi música, fiquei totalmente entediado e sobrevivi as 10 horas de vôo. A única parte legal era que o único assento vazio do avião era justamente o do meu lado e que eu dividia com uma portuguesa que as vezes se esticava para tentar dormir. Foi o único momento em que eu realmente dormir, algo em torno de 3 horas, foi quando eu pude me esticar de forma agradável em duas poltronas e apaguei. Voltando ao aeroporto de Barajas, cheguei obviamente com o cú na mão, afinal de contas eu não tinha certeza se passaria ou não na imigração em Madrid. Na hora de descer, tive que atravessar uma área plana e vazia do aeroporto que já demorei 15 minutos no total só de esteiras rolantes, depois 5 minutos de fila para passar em detector de metais (abro parêntesis para dizer que aqui na europa não é simplesmente passar as coisas que traz consigo no dector e pronto. você precisa tirar todas as jaquetas que usa, relógio, sapatos e etc. por sorte não precisava porque era tênis, ou seja sem metal) e depois mais alguns minutos para conseguir chegar até a área de embarque, que obviamente já havia sido iniciado, mas foi tudo tranquilo. digamos que tranquilo demais, claro que apesar de todo o estresse que eu passava já naturalmente. Sentei na poltrona e já nem me importava mais qual era. Corredor de novo em um avião com apenas 6 poltronas de largura. Pequeno mas absurdamente vazio. Do meu lado, e isso agradeço de novo ao fato de não ter me sentado na janela, conheci uma mulher da Republica Dominicana que era casada com um espanhol e morava em Barcelona, ou perto, não lembro e que tinha uma das crianças mais bonitas que eu já ví na vida. Loiro de olhos azuis. Era encantador apesar deu não gostar de crianças ali eu teria adotado com o maior prazer. O choro de manha inclusive foi algo que me fez sorrir. Conversamos durante um determinado tempo e a deixei curtir a criança que provavelmente já não deveria mais aguentar tantas horas de vôo, afinal também estava vindo, assim como todos os que estavam no vôo, da América Latina. Conversei também com a senhora que sentava na poltrona da janela e que era da Colômbia ou Venezuela, algo assim e que me disse para ter cuidado em Barcelona no metrô que lhe haviam roubado a carteira por um espaço minúsculo dentro do vagão. Ok, todos os recados anotados.

Cheguei. Cansado. Saco cheio. Já estava quase a 20 horas viajando e aquilo estava me matando. Fui pegar a mala. Surpresa, ela não conseguiu fazer a conexão expressa que eu fiz. Fui fazer o aviso de extravio de bagagem. Uma hora de fila porque isso afetou todas as pessoas que vinham de São Paulo e fizeram conexão. Ok ótimo começo!

Bem-vindo a Barcelona!

1.2.09

Minutos

Eu teria tanto para contar e só tenho 2 minutos restantes de internet a um preço totalmente absurdo! Ok, digamos que na lista de `coisas que poderiam dar errado' faltaram poucas pra eu completá-las. Devo criar um blog estilo diário de bordo pra nao carregar esse aqui? hahaha

I`ll see you around!

beijos... from Barcelona ;D