22.3.11

dia 3.





Deixei meus pensamentos correrem soltos. Era justamente isso o que eu havia dito que não faria
quando apaguei o abajour, mas percebi que seria inútil, senão errado.

Desliguei o ar condicionado, estava tendo que deitar previamente pra evitar a luz do sol - tenho uma predileção, senão neura, de dormir em total escuro -, abrir mão do silencio também seria difícil. Preferi o calor em prol do silencio. Claro, eu morava em uma região central então jamais seria como estar em meio ao nada, mais era melhor assim.

Não havia uma avaliação fácil que eu pudesse fazer, nem minha nem de nenhum outro aspecto. Mergulhei tão intensamente na série de livros que eu lia, que em determinado momento aquela realidade tinha muito mais sentido que a minha própria. Pronto, pano pra manga pra minha terapeuta falar disso por meses.

Fitei o cigarro como se ele fosse pular em mim. Traguei com um certo nervosismo. Minhas mãos ainda tremiam no minúsculo espaço das teclas do celular. Senti minha cabeça ficar zonza. Deixei que as pálpebras pesassem. Dormi.

21.3.11

dia 2.




Primeiro veio a fome. Arrasadora, como se eu estivesse há dias sendo privado de qualquer tipo de alimento. Constatei que estava sozinho e me arrastei para uma refeição solitária.

Preparei a comida - incluindo mais do que já havia disponível - e sentei sozinho na mesa imensa da sala de jantar. Fitei todo o prato e senti meu corpo balançar. Eu estava enjoado.

Em 3 garfadas a contragosto eu me levantei e empurrei o prato de volta pra cozinha.

Definitivamente não era um bom começo de noite.




*originalmente escrito em 26.1.2011