3.3.09

Barcelona Parte III

A hora que eu acordei era o momento exato em que a aula estaria começando e provavelmente estava. Lado bom da história era que eu já sabia andar de metrô e sabia exatamente qual a estação mais próxima, o resto era fácil. Desci correndo até a estação mais próxima do hotel e voilà! Estavam fechando! Como fecha-se uma estação 9h30 da manhã em uma cidade como Barcelona? Não sei responder. Tranquilo pensei, já estou atrasado mesmo, vou caminhando até a próxima. Caminhando o caramba, eu fui quase correndo. Andei não sei quantas quadras porque obviamente eu não tinha a mínima idéia de onde ficava a outra estação. Demorei um certo tempo mas consegui finalmente chegar e para a minha surpresa estava aberta! Obrigado. Desci as escadas sorrindo. Já havia telefonado para avisar que estava tendo pequenos problemas com o transporte público da cidade mas que seria apenas uma questão de tempo para eu conseguir chegar. Entrei na estação e havia uma placa. A estação estava fechada. Mentira! Era muita zica pra uma viagem só! Pow, eu não tava na cidade nem a 48 horas e já tava acontecendo tudo isso? Macumba, certeza! Sai da estação com aquela cara de: e agora? Continuei andando, agora um pouco mais devagar e um pouco mais desesperado também. Olhei os pontos de ônibus, afinal era uma opção. Parei no ponto, fiquei olhando nos mapas e isso eu tenho que dar a mão a palmatória, a cidade é extremamente bem sinalizada e você consegue chegar a qualquer lugar de forma muito simples e sem precisar de muita ajuda, e fiquei procurando qual linha atendia a uma localidade próxima a escola. Olhei para um ônibus que parou no ponto que estava absurdamente lotado. O ônibus não cabia uma agulha. Pra quem já estava atrasado, agora ter que ficar esperando um ônibus lotado talvez não fosse a melhor idéia do mundo naquele momento. Continuei descendo a rua procurando agora algum taxi. Mas pensem, se as estaçoes de metrô das proximidades estavam fechadas, os ônibus lotados, quais as chances que vocês acham que eu tinha de achar um taxi vazio? Caminhei umas 10 quadras. Achei que já estava chegando perto da escola e depois pelo mapa eu vi que estava mesmo até que resolvi caminhar discretamente pelo meio dos carros parados no farol para ver se conseguia visualizar algum taxi desocupado. Finalmente depois de mais umas 3 quadras eu achei um, entrei e pedi para me deixar na porta da escola.

A escola tinha uma entrada super moderna, bem iluminada, de vidro. A primeira impressão foi muito boa. Fiquei esperando uns 10 minutos as pessoas que trabalhavam na recepção pararem de ficar andando de um lado pro outro tentando resolver uns problemas quase imaginários e perceberem que tinha um ser ali no meio querendo informação. Uma garota passou por mim e usava um salto agulha provavelmente de madeira. Ela fes questão de caminhar todos os metros quadrados da escola e aquele barulho parecia que entrava no meu cérebro e chacoalhava mas graças a Deus os últimos metros quadrados foram em direção ao corredor que dava acesso a rua e eu agora só escutava o barulho cada vez mais baixo e mais distante. Me deram um teste e nem sequer uma caneta. Começei achar as coisas um pouco estranhas. Esperei 15 minutos aparecer uma professora, fiz a entrevista e fui encaminhado para uma aula de nível intermediário, mas antes deveria pegar o livro na recepção. Nesse momento recebi uma visita surpreendente: Lady Murphy. Ela sentou no meu ombro e disse: vamos a recepção. Claro que junto comigo chegaram umas 20 pessoas que formaram uma fila incrível em segundos e eu ainda parado olhando. Entrei na fila e descobri que o valor de um livro emprestado era de 25 euros e um livro comprado 30. Comprei achando aquilo uma das coisas mais ridículas da face da Terra. Será que além de não me darem caneta eu ainda teria que pagar por cada movimento ou objeto que eu usasse naquela escola? Entrei um pouco tímido como sempre e sentei ao lado do professor com uma cara um pouco estranha, no sendo horário obviamente depois de tantos atropelos. Quase no mesmo instante entrou uma garota que sentou no único lugar vago, que era na minha frente e para a minha surpresa quem era? A garota do taco que chacoalha cérebros. Sentou e ficou me olhando de uma forma tão fixa que se eu já estava com vergonha, ali eu fiquei mais ainda. Sabe quando você não sabe para onde olhar? Olhei para baixo. A aula estava começando. Fizeram com que eu me apresentasse para a sala: consegue imaginar minha cara? A garota também se apresentou: chama-se Maria e era da Russia. Haviam também duas garotas e um garoto sueco, uma dinamarquesa, uma israelita, uma francesa, uma brasileira que não frequentava e obviamente não estava e um japonês, erámos 10. Percebi a falta do meu celular. Havia esquecido no hotel ou no táxi? Mandei um e-mail da escola avisando minha mãe para que ela visse qual a melhor alternativa, esperar ou cancelar.

Depois da aula normal eu tinha aula de cultura com algumas asiátias, o japonês da minha sala, a russa que obviamente jà sentou do meu lado e uma italiana chama Marta de Milão que pra mim já era uma salvação visto que eu iria para lá no final da semana. Conversamos bastante. Saí e fui direto pro hotel procurar meu celular, revirei e obviamente nada. Ficou no taxi. Desci até um telefone, tentei ligar e só chamou. Liguei pra minha mãe e avisei, era melhor cancelar. Pontos pra mim. Fui no centro procurar um celular para comprar mas precisava do passaporte que claro estava no hotel. Decidi então curtir aquele tempinho de garoa e fiquei caminhando por uma rua que tem um calçadão central e chama de Rambla. Subi e desci diversas vezes. Tentei ligar pro Felipe para saber que horas ele ia sair do trabalho pra gente fazer alguma coisa mas nada. Andei até umas 9 da noite e voltei pro hotel. Cansado. Muito cansado. Até aquele momento eu ainda não tinha muitos motivos para comemorar o fato de estar em Barcelona. Será que eu conseguiria ter, afinal?

Um comentário:

fabiano carlos disse...

a melhor conversa em épocas.