9.3.09

A Esquina

Eu estava com todas as palavras na ponta da língua como se estivesse a anos ensaiando na frente do espelho. Nada saiu. Houve um quebra de idéias e de pensamentos. Comecei a tremer de forma assustadora e sabia que era por estar nervoso. Parecia que uma barragem se rompia dentro de mim e jorravam litros de água que reviraram meu estômago me dando uma vertigem estranha.

Estava sentado na calçada como um garoto assustado. Máquina fotográfica, convite de festa, carregador de celular, tudo isso repousava na calçada como se estivessem velando a mim mesmo enquanto eu me equilibrava apoiando-me em meus pés e encostado em um poste de uma esquina qualquer.

Se contabilizasse todas as lágrimas encheria um copo? Talvez. Mas sem dúvida cavava um poço de desespero e angústia. Talvez um pouco demais, justificado apenas por aquele que espera sempre muito. O pouco enlouquece, o nada mata e o tudo é o suficiente. Mas as idéias já tinham fugido e tentava então organizar cada uma das coisas que rodeavam a minha cabeça.

Não conseguia nada, mas comecei a ser o mesmo trouxa que sofre calado sempre, talvez aquilo era a meta de agora. Nasci para ser esse idiota que tenta achar uma justificativa para tudo, onde justificar é tornar algo justo e era exatamente isso que eu sozinho fazia, sem ajuda alguma por erros que nem eram meus. Mas certamente essa é a minha missão de vida mas eu não estava disposto. Resolvi então levantar, recolher meus objetos e tentar aproveitar alguma coisa.

No final? Algumas palavras saíram no momento certo, outras continuaram entaladas. As lágrimas não rolaram porque eu já havia novamente assumido o papel de trouxa que aguenta a tudo e cede a tudo, mas teria um fim, justificável inclusive. Ou um novo começo, mas já não era algo que estava em minhas mãos.

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