13.7.13

um jantar (quase) despreocupado


ele insistiu até que conseguiu convencê-lo a sair para jantar. foi uma tarde agradável e preguiçosa em que eles conversaram bastante por mensagem. nem lembrava mais quanto tempo fazia que eles não conversavam tanto, sobre assuntos banais. sem aquele peso, sem aquela necessidade de ter algum assunto interessante. porque ele sabia que quando tudo está perdido, não há nada a se perder.

foram na companhia de um amigo dele. dava para escutar os seus pensamentos à uma certa distância. apesar de tudo ele sentia extremamente confortável com aquela situação. isso era novo pra ele. não que ele costumava se sentir desconfortável antes, mas quando na presença de qualquer amigo dele, parecia que a responsabilidade de ser alguém bacana duplicava. e ele não conseguia ser ele mesmo. acabava ficando com uma cara meio amarrada. mas não aquele dia.

deram um abraço meio de lado, sem muita emoção quando chegaram, mas sentaram na mesa lado-a-lado, como costumavam fazer desde o dia em que ele descobriu que uma mesa de distância entre eles, era algo demais a suportar. ele precisava do toque, do cheiro, do carinho na perna enquanto tomava um refrigerante. e ficaram ali, sentados, fitando cada um o seu espaço e sem se tocar. em alguns momentos ele chegou a tremer de vontade de esticar o braço, tocar a perna dele e fazer um carinho qualquer como quem diz: eu nunca vou te deixar.

jantaram alguma comida desinteressante. ele nem conseguiu terminar metade do lanche, não se sentia bem. ele sabia, ele sentia que por mais que tudo parecesse 'normal', não estava. a distância estava ali, estampada como um papel de parede.

depois veio a conversa, cada um já na sua casa. 'hey, ele disse, você sabe que somos apenas amigos né?'. ele disse: eu não quero. isso pra mim não basta. nunca bastou. 'amanhã conversamos, ele disse'. e foram dormir. cada um com seu pensamento. e ele achando que esse amanhã ia demorar. dormiu mal, acordou algumas vezes durante a noite e fumou no escuro. fumou toda a sua frustração e sentia o gelado do balde de água fria que aquela noite tinha jogado em cima dele.

acordou e mandou uma mensagem logo de manhã. nada de conversa. se estivesse ao lado dele, ele teria dito: eu te seguirei  até a escuridão. bom dia. eu te amo.

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