24.2.11

dia 1.



As palavras borbulhavam em meu cérebro como se alguém estivesse jogando água quente pelos meus ouvidos. Isso já durava dias e eu não havia feito muito esforço para mudar a situação. Todos os dias, ao deitar, elas brotavam e iam inundando em forma de pensamento. Às vezes eram apenas lamúrios, que eu sinceramente já não estava mais tão disposto a continuar. Algumas vezes eu apenas pensava em coisas banais. Não nos últimos dias.


Foi então que num gesto repentino, eu peguei o meu computador pessoal e me coloquei a escrever. Percebi todo o motivo da relutância de fazer isso nos outros dias - levantar, acender a luz e pegar o computador - simplesmente porque quando estava cumprindo aquilo que já devia estar fazendo há muito tempo, as palavras fugiam.


Era difícil deixar meus pensamento fluírem enquanto meus dedos deveriam acompanhar a cada uma das palavras atentamente e tentar passar isso para um papel ou tela do computador. Era tudo rápido demais. Eu tinha medo de perder a essência disso tudo por não estar mais com a cabeça no travesseiro e no escuro. Estava decidido a comprar um gravador e tentar exteriorizar tudo o que vinha em minha cabeça de forma falada, gravar todas as palavras e então com calma transcrever passo à passo, sem pressa.


Sem dúvida alguma parecia que eu estava apenas apertando o gatilho. O dia 1. O primeiro e fatídico dia.


Eu precisava tentar. Precisava deitar com o computador ligado ao lado e ver se tudo aquilo voltava como uma erupção e eu podia então descarregar tudo o que me inundava como uma enchente rápida demais para ser controlada, ou contida. Eu precisava tentar, mas tudo parecia mais fácil quando eu não estava olhando diretamente para a tela do computador. Irritado, apenas o coloquei ao lado e deitei. Eu sabia que o sono seria suficiente para que essa inundação, essa noite, fosse mais ou menos contida.




ok que eu deixei de escrever em vários dias e perdi uns 3 já escritos. mas lá vai...

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