
O presente da minha mãe havia chegado. E ela andava. Colocaram-na no corredor, era só dar alguns passos e entrar a direita. Ela entrou a esquerda, meu quarto. Foi direto fazer sujeira no ralo. Após 12 horas de viagem em um carro completamente sedada era compreensível que ela fizesse isso. Parou e ficou me olhando como quem dissesse: 'oi, eu sou sua nova gata'. Ficou na cara que ela havia me escolhido.

Passaram-se alguns anos. Ela entrava no cio de uma forma alucinada. Deixei ela cruzar. Na verdade deixei ela passar a noite fora e ter um affair com algum gato vadio. Ela voltou pra casa e segundo a descrição do meu irmão foi algo assim: 'Estávamos na sala quando alguém bate à porta. Abri e eis que entra Teka, com um rebolado de quem havia tomado whiskey demais. Foi suavemente até o sofá, sentou, encarou todo mundo e acendeu um cigarro enquanto devia pensar: ok, dei.'

Era uma gata de atitudes atípicas: mordia ao invés de arranhar, deitava no meu teclado quando eu estava digitando um trabalho ou em cima dos livros quando eu estudava porque a minha atenção deveria ser somente voltada para ela, claro; atendia pelo nome, e o incrível era que ela ia até a pessoa que chamava; não gostava de ficar sozinha e tinha a tendência de estar em todas as festas aqui de casa; apesar de friorenta adorava uma sombrinha nos dias de calor, embaixo de algum coqueiro anão na beira da piscina para OBVIAMENTE me observar; me seguia em qualquer ambiente; preferia entrar por janelas que por portas, devia ser mais glamour; caso você colocasse uma roupinha nela, ela travava e caia pro lado; dormia nos piores lugares possíveis na minha cama, na minha costela, no meu travesseiro, no meu pescoço; e tudo mais que um gato atípico poderia fazer.

Ela não tinha RG mas tinha um nome cumprido: Teka Maria Cristina, e acredite, se você pronunciasse o nome inteiro ela sabia que era bronca. Havia sido mastigada por um pastor alemão + boxer quando filhote, e sobreviveu! Aliás muito bem. Um mau humor encarnado que geralmente se dissipava quando ela resolvia agredir gratuitamente algum cachorro da casa, mesmo que fosse um dog alemão de dezenas de vezes maior que ela. Ela não tinha medo. Era apaixonada por uma das minhas cachorras e vivia dando banho nela e a cachorro igualmente apaixonada pela gata.

Digamos que de todos os animais que eu poderia pensar em ter, ela superou todas as espectativas, ela conseguiu ser um GRANDE gato, e acabou que enquanto eu estava viajando, me ligaram depois de 2 dias pra contar que ela havia sido encontrada morta no jardim, sem sinais de absolutamente nada. Ela simplesmente morreu. Foi para o Mundo dos gatos e tenho certeza que continua miando pra mim todas as vezes que me vê descendo do carro. Sim, ela me esperava do lado de fora impaciente e vinha atrás caso eu não sinalizasse que ia na direção dela. E estará agora bem, em um novo grau evolutivo. Já me ofereceram gatos e gatos. Não, obrigado. Um dia quem sabe. Mas eu sei, que nenhum outro animal, será um dia como foi essa grande gata! Teka Maria Cristina, você foi só um gato, mas foi também o maior e mais gratuíto amor que eu já senti. =]

Um comentário:
Ah q lindo...hehe
Agora a Teka está com a minha Mycha, medo delas juntas, o que será que vão aprontar?hehe
saudades de vc, t adoro
bjao
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