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22.11.16
10.11.16
sugar-high
Escrever às sobre o amor vezes cansa. Se amar já dá trabalho, imagina ficar escrevendo sobre isso? Não que ele se esvaia das minhas veias, acho que isso seria impossível. Eu sou um ser apaixonado, o romântico incurável e muitas vezes um verdadeiro pé no saco por conta disso. Mas dessa vez o texto não é sobre o amor.
Todas as terças-feiras eu vou à dermatologista tentando salvar os fios de cabelo que ainda me restam. Pode me julgar, não tem problema, desde que eu não precise virar um judeu pra ficar usando aquele chapéuzinho pra disfarçar uma das coisas que a genética me presenteou. E olha que não foram poucas! Poderia elencar aqui uma porrada de coisas passando até por heterocromia e daltonismo. É mole? Mas não dá pra processar os pais por conta disso, né? Coitados. Bom, na semana seguinte já havia uma bandeja cheia daquelas balas mastigáveis de iogurte que eu não vou fazer propaganda do nome aqui. Os propagandistas da indústria farmacêutica ficaram me olhando meio de canto de olho pensando se aquilo era um consultório de dermatologia ou psiquiatria, porque eu estava quase deitado naquelas poltronas meio futuristas que parece uma concha, coberto de papeis de bala e boca cheia, mastigando mais que uma vaca ruminando o almoço às 3 da tarde. Depois de comer aproximadamente umas 27, eu pedi encarecidamente para a recepcionista esconder a bandeja em qualquer gaveta que fosse inacessível pra mim. Funcionou.
Claro que essa terça-feira eu fui de novo, como todas as outras terças-feiras anteriores, mas dessa vez eu fui no caminho pedindo para Deus intervir em favor da minha saúde, rezando para eu chegar lá e as balas já terem sido comidas por outra pessoa ansiosa e desesperada como eu. Deus escuta, eu tenho certeza, mas a Lady Murphy também, aquela safada filha da puta, e ela chegou antes que Ele lá, porque a primeira coisa que eu vi foi a bandeja, linda, imitando prata, cheia daquelas balas de uma cor que eu, obviamente, não sei identificar, bem no meio da mesinha de frente para as poltronas concha que eu sempre sento bem bonito e quando a dermatologista me chama eu já estou semi deitado, quase me aninhando pra dormir. Ah, mas dessa vez eu nem me fiz de rogado não, como parecia estar se aproximando o fim das balas, o consultório cheio (de novo), eu sentei e já fui colocando a bandeja no colo. Imagina se alguém decide dividir aquelas 32 balas que sobraram? Eu sou taurino e não sei se é influência do signo, mas me dê 3 tapas na cara MAS NÃO ME ENCOSTA NA MINHA COMIDA! Ainda mais se for essas balas mastigáveis de infância, viciantes. Enfim, fui eu lá atacando a bandeja, só fazendo o barulho do plástico abrindo e eu enfiando 3 de cada vez na boca, até que o inevitável aconteceu: uma grudou.
Eu acho que deveria haver um estudo para analisar a influência da obturação feita com bala mastigável na odontologia moderna, porque aquilo gruda de um jeito que você pensa: ok, fodeu, meu dente vai ficar embalado pro resto da vida. Aí o que você faz? O óbvio: come outra na esperança de que a nova vai descolar a anterior. Olha, ouso dizer que às vezes funciona, mas quando não dá certo, meu Deus do céu! Você vai encapando os dentes como se fosse uma dentadura de plástico e aquilo vai te incomodando até que você se dá conta e já está com 3 dedos dentro da boca tentando desesperadamente tirar aquilo de alguma forma, quase pedindo uma tampa de BIC emprestada. Aí eu lembrei que eu ainda estava na recepção de uma clínica de dermatologia, na frente de várias pessoas que me olhavam incrédulas. Dei aquele sorriso amarelo (no caso meio rosa por causa da camada de bala que eu tinha em praticamente todos os dentes), e fui todo cabisbaixo com a bandeja entregar pra secretária, igual na semana anterior, falando: por favor, me salve de mim mesmo e esconda isso. Ela muito educada escondeu. Eu sentei. A médica atrasou. O que eu fiz? Levantei e falei: Tá, chega, me dá esse negócio aqui, eu prometo que trago um pacote semana que vem. E devorei aquelas últimas balas como se fossem a vacina pro câncer. Se antes eu estava sentado na poltrona com a bandeja no colo, agora eu já estava praticamente de conchinha com a bandeja falando eu te amo de maneira sincera.
No final das contas a dermatologista me chamou, ainda faltavam três balas, era inadmissível. Pedi pra ela esperar um pouco enquanto ela tentava entender o que eu estava fazendo praticamente abraçado com a bandeja de balas, enfiando as 3 na boca correndo antes de colocar tudo no lugar e jogar meio quilo de papel de bala no lixo. E funcionou! Aquelas três últimas descolaram todas as anteriores e eu pude sentir meus dentes novamente. Também pude escutar alguém falando: gente, imagina o nível glicêmico desse garoto? Deve estar nas alturas! A dermatologista fechou a porta e eu só falei: semana que vem vão voltar aquelas balas de canela do tipo que a gente compra quando não quer dividir né? Ela riu.
c.e.
PS: blog tá mudando de endereço!! vem ver: goo.gl/J2QmG0
Eu acho que deveria haver um estudo para analisar a influência da obturação feita com bala mastigável na odontologia moderna, porque aquilo gruda de um jeito que você pensa: ok, fodeu, meu dente vai ficar embalado pro resto da vida. Aí o que você faz? O óbvio: come outra na esperança de que a nova vai descolar a anterior. Olha, ouso dizer que às vezes funciona, mas quando não dá certo, meu Deus do céu! Você vai encapando os dentes como se fosse uma dentadura de plástico e aquilo vai te incomodando até que você se dá conta e já está com 3 dedos dentro da boca tentando desesperadamente tirar aquilo de alguma forma, quase pedindo uma tampa de BIC emprestada. Aí eu lembrei que eu ainda estava na recepção de uma clínica de dermatologia, na frente de várias pessoas que me olhavam incrédulas. Dei aquele sorriso amarelo (no caso meio rosa por causa da camada de bala que eu tinha em praticamente todos os dentes), e fui todo cabisbaixo com a bandeja entregar pra secretária, igual na semana anterior, falando: por favor, me salve de mim mesmo e esconda isso. Ela muito educada escondeu. Eu sentei. A médica atrasou. O que eu fiz? Levantei e falei: Tá, chega, me dá esse negócio aqui, eu prometo que trago um pacote semana que vem. E devorei aquelas últimas balas como se fossem a vacina pro câncer. Se antes eu estava sentado na poltrona com a bandeja no colo, agora eu já estava praticamente de conchinha com a bandeja falando eu te amo de maneira sincera.
No final das contas a dermatologista me chamou, ainda faltavam três balas, era inadmissível. Pedi pra ela esperar um pouco enquanto ela tentava entender o que eu estava fazendo praticamente abraçado com a bandeja de balas, enfiando as 3 na boca correndo antes de colocar tudo no lugar e jogar meio quilo de papel de bala no lixo. E funcionou! Aquelas três últimas descolaram todas as anteriores e eu pude sentir meus dentes novamente. Também pude escutar alguém falando: gente, imagina o nível glicêmico desse garoto? Deve estar nas alturas! A dermatologista fechou a porta e eu só falei: semana que vem vão voltar aquelas balas de canela do tipo que a gente compra quando não quer dividir né? Ela riu.
c.e.
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5.11.16
tudo o que vai.
Meu avô costumava dizer que amadurecemos com os danos, não com os anos.
— Desconhecido.
Eu não tenho medo de mostrar minhas fraquezas. na verdade eu costumo ser sinceros com as minhas próprias emoções. Se eu fosse você, inclusive, eu tomaria cuidado ao me perguntar se eu estou bem, porque eu posso te contar com os mínimos detalhes as aflições, os medos e os problemas dos meus dias. Cansei de me sentir uma represa emocional e psicossomatizar sentimentos. Claro que há uma certa seletividade, há aqueles que eu não tenho a mínima vontade de falar, inclusive mal respondo, mas no geral, para aqueles que eu nutro alguma estima, eu não poupo o acesso ao meu ser. Eu sou falível e tão humano quanto todos os outros. o que adianta bancar o forte e estar em frangalhos por dentro? É como aquele instagram de fotos maravilhosas que você vai morrer de inveja vendo, enquanto a pessoa está chorando no travesseiro todos os dias à noite, porque apesar das fotos de viagens e de coisas incríveis, ela não é feliz. Existe uma máscara que pessoas insistem em vestir para mostrar para o mundo algo tão vazio quanto um copo quebrado. Elas estão quebradas. às vezes eu mesmo estou. Você provavelmente também, dia ou outro.
Exatamente por tudo isso que eu aprendi a ser eu mesmo e me expor para quem esteja apto a receber isso. Me mostrar para quem eu quero que me veja. Independente de como isso será percebido pelo outro. Veja bem, eu sou assim, é o que tem pra hoje. Quem não consegue segurar esse rojão também não vai merecer meu ombro amigo pra chorar, nem meu ouvido para aquela conversa de desabafo de três horas no telefone. A vida é via de mão dupla. tudo o que vai, volta. Por isso eu estou aí, indo e voltando. Sendo e não sendo. Às vezes eu pulo de cabeça. Às vezes a água é rasa demais, mas eu não sou raso. E nessa profundidade toda existe um turbilhão de sentimentos, sensações, emoções, verdade e mentiras. Se for vir, vem, e bate de frente. Chega de vida meia-boca, de fotos vazias. Sejamos mais verdadeiros com o próximo e com nós mesmos! Ah, e bom final de semana ;)
c.e.
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24.10.16
welcome.
Obrigado por chover junto comigo e não abrir seu guarda-chuva como todos fizeram.
— Atalharias
eu não sou psicólogo. nem tenho uma formação parecida com isso, a não ser que você conte com algumas aulas de psicologia na faculdade. ou a arte de persuadir consumidores e etc. coisa de publicitário, você sabe. mas eu posso ser um bom ombro. ninguém nunca vai entender o que se passa na tua vida. cada um passa por uma coisa diferente e mesmo quando as situações são idênticas, as pessoas não, então cada um lida da sua forma. talvez eu nem seja teu amigo, seja apenas um conhecido, alguém que você cruzou na rua ou me conheceu em uma roda de amigos. e talvez eu não faça a mínima ideia do que acontece na tua vida, mas só queria poder oferecer meu ombro, meu ouvido ou meus olhos. quero que você saiba que pode conversar comigo quando quiser. eu estou de fora. eu não sei de nada e às vezes isso pode ser um ponto positivo. já passei por muitas coisas parecidas contigo, tenho certeza, então talvez eu tenha, no mínimo, uma grande empatia. eu também não tenho os melhores conselhos, mas tenho um excelente ouvido e muita paciência.
também tenho um instinto quase maternal, mesmo não tendo muita paciência para crianças. eu gosto de cuidar, é algo que sempre me deu prazer. é o prazer em ver o prazer alheio. mas nem sempre isso é positivo. há pessoas que não sabem aproveitar isso. ou que abusam. ou te abusam. o ser humano pode ser bem complexo algumas vezes. ou em todas. a gente nunca conhece bem as pessoas e elas podem passar a vida tentando te conhecer e mesmo assim em uma quarta-feira cinzenta você pode surpreendê-las. positivamente ou não. a vida é uma grande surpresa e fica nítido isso quando você faz aqueles teus planos incríveis para os próximos meses e PAM! a vida acontece. você olha pros lados e fica pensando: meu deus como eu cheguei até aqui? até tem um evento no facebook de uma excursão para sabermos a que ponto chegamos. ninguém sabe, então não se culpe por estar meio perdido, todos estão, até aqueles que você olha no instagram e inveja silenciosamente. nada é perfeito. ninguém é perfeito. e não há problema algum em não se sentir bem de vez em quando, isso não te faz diferente de ninguém, ao contrário, só mostra que você é humano. como todos nós.
mas não esquece. eu estarei por aqui quando você precisar. nem que seja só para ouvir. ser o travesseiro humano. pode usar minha camiseta para secar tuas lágrimas, desde que você sinta um pouco de alívio depois. chorar pode ser muito difícil quando a gente represa demais as emoções dentro de nós. aconteceu comigo hoje. começou timidamente, com uma música, uma conversa no WhatsApp, uma saudade antecipada. e quando você percebe está ali, aquela lágrima tímida caindo do canto do olho, meio sem querer. os olhos marejados e a gente fica olhando pros lados procurando um abraço. aquele abraço que você sabe que vai abrir todas as portas da tua represa. se precisar, eu posso ser a tua porta. a janela pra você pular e fugir um pouco. a gente nunca pode oferecer muito à uma pessoa, mas saiba que isso tudo eu te ofereço, de coração. welcome to reality. welcome to MY reality.
c.e.
13.10.16
feriado.
Make yourself a priority once in a while. It’s not selfish. It’s necessary.
— Karen A. Barquiran
Feriado em plena quarta-feira e eu poderia dizer que é o meu dia oficial de ficar de pijama. Aquela blusa de moletom meio velha, absurdamente confortável. É quase a jaqueta amarela do primeiro dia, mas essa é laranja. Ganhei da minha avó, que já desencarnou há tantos anos. Continuo usando com orgulho. E hoje é um dia em que eu pretendo ostentá-la onde eu for. Afinal de contas, feriado no meio da semana você faz o quê? Não dá tempo de viajar. Isso serve pra todas as outras pessoas da cidade, ou seja, tudo fica absurdamente cheio. Ninguém trabalha e nem tem tempo de fugir.
E na vida a gente tem que fazer isso. Fazer o que estamos afim. Tá afim de passar o dia de pijama, atirado em algum lugar da casa? Faça! Quer colocar um terno pra comer no balcão da tua própria cozinha? Coloque! Faça aquilo que te faz bem na hora que achar que tem que fazer. Já fui muito criticado por ficar de calça jeans em casa, colocar tênis para ir ao banheiro. Eu não ligo mais não. Meu guarda-roupas está sempre em constante transformação e eu não sigo mais tendências de moda. Ah, a cor da estação é o verde? Eu não gosto de roupas verdes, eu sou daltônico, tenho uma tendência a usar cinza, preto, branco e azul. Não compro. "Ah, mas tá todo mundo usando", é? Paciência. Desde pequeno minha mãe me diz que eu não sou todo mundo. E não é que ela tinha razão? Vou continuar com o meu estilo, meu pijama em feriados e usando o que me faz bem. Às vezes a gente não vai sair, não vai fazer nada, mas quer se olhar no espelho e se sentir bem, bonito, elegante. Que mal tem nisso? O mal está em quem critica. Que entre por um ouvido e saia pelo outro.
Daí feriados às quartas-feiras se tornam os dias oficiais do meu pijama. Vou ao mercado, na padaria e vou passando o dia, até me dar um estalo. Corro pro banho e coloco uma das minhas melhores roupas e me atiro no sofá. Você pode pensar, mas porquê isso? Simples, há momentos em que eu paro e penso: Porque usar a minha melhor roupa pelo outro? Ou em uma ocasião especial? Não! Vou usar por mim. Cansei de ficar com aquela camisa guardada esperando um jantar que às vezes nem chega. Aí você emagrece, engorda, a camisa não serve mais e você doa. E ficou lá, no teu armário, com a etiqueta pendurada. Cansei. Mas não hoje. Hoje eu decidi figurar com meu moletom laranja, largo, provavelmente 2 números maiores que o meu. E bato no peito com o maior orgulho, ninguém tira meu conforto de mim. É quase uma armadura de estima por mim mesmo. Então esqueça um pouco as regras e se gostou, use, porque eu vou. Hoje eu só quero saber do meu moletom laranja.
c.e.
11.10.16
bom dia.
Procure por alguém que, com milhares de opções, escolha você.
— Pedro Pinheiro.
Eu fiquei deitado olhando você dormir. Como sempre eu
acordei mais cedo que você, morrendo de preguiça de levantar e fitando a luz
que entrava tímida pela janela. O quarto estava iluminado o suficiente para eu
conseguir ver todos os detalhes do teu rosto. Quanta coisa já não havia passado
por ali? Era como se cada marca tua, cada curva e expressão contasse uma
história de quem havia passado por inúmeros bons e maus momentos até ali. Mas
afinal, acho que isso é aplicável a nós dois, não? Todos temos uma história. Um
passado. Um futuro. Talvez você esteja no meu, quem sabe? Aprendi a deixar as
expectativas de lado para poder viver. Ou sobreviver?
Eu já havia saído de uma situação que, honestamente, eu nem
via saída, mas consegui. Depois dela, algumas vieram na sequência, talvez tão
pesadas como aquela, de maneiras bem distintas mas com a mesma intensidade.
Parei para perceber que talvez, só talvez, tudo estivesse mais dentro de mim do
que fora. Situações repetidas deveriam estar tentando me dizer algo como: se
você não aprender, vai continuar acontecendo. BINGO! Essa era a chave para
codificar parte do que aconteceu durante um determinado período da minha vida.
Era hora de mudar algumas coisas de dentro pra fora e com isso fui deixando as
expectativas do lado de fora do meu ser. Larguei mão da idealização, do sonho
perfeito e passei a viver tudo o que a vida me colocava na frente e foi assim
que você cruzou meu caminho. Tão tímido quanto eu.
De repente trinta. Meu deus esse número até me assustava e
eu ficava entoando um mantra dentro de mim de que os 30 eram os novos 20. E fui
vivendo. Fui curtindo momentos únicos de quem não sabe, com toda a certeza do
mundo, se iria acordar no dia seguinte. E assim comecei a te curtir.
Vagarosamente. E aconteceu o idealizado. Bem, não como um conto de fadas,
obviamente, mas foi algo linear, crescente, do jeito que eu queria. Além do
querer, era o que eu precisava. E por saber disso, já havia cortado muita coisa
da minha vida. E você foi ficando. Leve como uma fita de seda sendo levada por
um vento bem forte. E assim a gente foi caminhando até que chegamos aqui. Eu
deitado, do teu lado, podendo observar os cantos escuros do teu corpo e
conhecendo um pouco do lado sombrio da tua alma e me apaixonando pela luz que
irradia do teu sorriso. Sem expectativas. Um amanhecer por dia. E assim eu vou,
cada vez que acordo, escolhendo estar ao teu lado. E você escolhendo estar ao
meu.
c.e.
29.9.16
companheirismo.
A gente fica buscando o amor. Desde pequenos aprendemos que amor era quando o príncipe acordava a plebeia com um beijo. O cavalo branco chegando. Mas no fundo tudo isso é uma grande ilusão. Uma fantasia que a gente guarda como se fosse uma verdade absoluta e pauta a vida nessa busca. Muitos de nós acaba se contentando com o meia-boca, seja no amor, no trabalho ou na vida, porque sempre, no subconsciente, no consciente, em todas as células do corpo a gente continua esperando o cavalo branco chegar. Mas ele não vai vir. O amor vai muito além disso.
A gente começa com a paixão. O frio na barriga quando você conhece alguém. Talvez você já tenha conversado com elx durante um tempo antes de se conhecerem, afinal de contas estamos na era moderna, da internet de fácil acesso. Muito mais fácil conhecer alguém online do que simplesmente tropeçar nx futurx namoradx na rua. Mas paixão não tem base, tem química, hormônios, neurotransmissores agitados. Tantos nomes para dizer fatos óbvios. Paixão acaba.
O amor é algo que você vai construindo. Não, não existe amor à primeira vista, isso é paixão. Amor é o tijolo que você vai empilhando até virar uma parede. Se ela vai se manter em pé ou não, vai depender de toda a fundação que você construiu e isso que vai delimitar se essa parede vai continuar ali durante um terremoto. E quando eu digo terremoto, são as pequenas coisas da vida cotidiana. Quantas vezes você não se apaixonou por alguém, talvez até perdidamente, e com o passar do tempo (e nem precisa ser muito tempo não), você foi percebendo que os gostos não batiam? Não havia uma harmonia silenciosa entre vocês e tudo foi se acabando. Seja em uma briga violenta, um afastamento súbito, um adeus nas entrelinhas. O amor demanda tempo e dedicação.
Para se amar alguém, você precisa, em primeiro lugar se amar. Soa clichê, né? Mas veja bem, se você, acima de qualquer outra pessoa, não se amar, não se aceitar profundamente, como você pode querer que o outro o faça? Esse é o maior ponto de partida. Seja autossuficiente, porque se um dia elx for embora, você continuará sendo a mesma pessoa que sempre foi, talvez com um ou outro aprendizado deixado como lembrança, mas manterá sua identidade e continuará sabendo que tu és.
Para amar você precisa admirar o outro em diversas formas. Aprender junto. Crescer junto, não importa a tua idade. Você não consegue amar alguém que você considere inferior a você e isso se aplica do outro lado também. Opostos se atraem? Talvez. Mas não cola. Os dispostos se completam. Não no sentido de preencher algum buraco que você tem aí dentro. Isso não existe. Se você for esperar que outra pessoa preencha teus buracos solitários da alma, isso só vai durar até, um dia, você se tornar a pessoa bem resolvida, lisa como um asfalto recém posto e daí acabou. Todo o fundamento que você tinha montado havia sido em cima de algo que já não existe mais. Você se tornou infinito. E elx apenas uma band-aid que cai sozinho durante o banho.
No final das contas a gente não busca a outra metade, nem a bengala existencial. A gente busca x companheirx. A pessoa que vai te fazer cia nos teus programas prediletos e você nos delx. Companheirismo é tudo nessa vida! Seja em uma amizade ou em um amor. Nunca esqueça de primeiro criar as tuas próprias bases, pra depois ir empilhando os teus tijolos. Se eles caírem, a base ainda estará lá e você continuará de pé. Nenhum pedaço teu foi embora. Quem foi, foi elx. Você vai continuar caminhando, encontrando outros tijolos por aí para empilhar, até que um dia, quando você menos perceber, a parede está lá. Imensa. Enorme. Os terremotos já passaram e nada aconteceu. Você é completx. Elx é completx. E vocês juntos são imensos, infinitos. Não procure tanto o cavalo branco, nem a metade do teu copo. Seja o teu copo inteiro e procure alguém que o faça transbordar. E seja feliz, sozinhx ou não, todos os dias da tua vida.
c.e.
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